Esse ano, estaremos comemorando a 3° edição do BioCards, uma atividade criada pela equipe de educação para conservação do Bioparque do Rio. Essa atividade foi criada com o intuito de trazer atenção para a fauna nacional e mundial, a cada ano seguindo com temáticas e espécies diferentes.
Nas edições anteriores, elaboramos uma aventura por todo o circuito do parque, apresentando e conversando sobre espécies ameaçadas de extinção em pontos estratégicos com materiais educativos, peças biológicas e com bastante interação para os visitantes de todas as idades.
No ano de 2022, os animais selecionados foram espécies que habitam o Brasil como onça-pintada, tamanduá-bandeira, mico-leão-dourado, harpia e sucuri-verde. Na primeira edição, alcançamos cerca de 3 mil visitantes ao longo de todo fim de semana!
Já no ano de 2023, abordamos espécies ameaçadas de extinção e que fazem parte da nossa fauna, como lobo-guará, rã-flecha-azul, jacaré-de-papo-amarelo, arara-azul-de-lear e tarântula-gigante-de-joelhos-brancos. Com a escolha dessas espécies, tivemos a oportunidade de conscientizar o público sobre a importância de cada espécie para o funcionamento dos biomas brasileiros.
Esse ano, em parceria com a temática da AZAB (Associação de Zoológicos e Aquários Brasileira) de 2024, abordaremos o tráfico de animais. Sendo assim, os animais selecionados foram Iguana-verde, Macaco-prego-do-peito-amarelo, Borboleta-olho-de coruja e o Papagaio-verdadeiro. Todas essas espécies podem ser encontradas em território brasileiro e estão ameaçadas por essa prática, sendo essencial a conscientização de como cada um de nós pode colaborar com a conservação desses animais.
Papagaio-verdadeiro
Tendo uma média de 1000 indivíduos sendo traficados todos os anos, o papagaio verdadeiro se encontra em quinto lugar na lista de espécies mais traficadas do Brasil. Esta espécie ocorre no leste do Brasil, do estado do Maranhão e Pará até o Rio Grande do Sul. Medindo de 33 a 38 centímetros esses animais são mais conhecidos pelo fato de conseguirem simular vários sons, incluindo a fala humana, devido a essa habilidade única, os mesmos são muito visados como pets não convencionais, estimulando assim o tráfico desses animais.
Mesmo sendo animais silvestres, os papagaios são muitas vezes vistos como domésticos devido a toda a cultura em volta deles. Popularmente conhecidos como Louros, não é incomum para a maioria das pessoas possuir um desses animais ou conhecer alguém que o faça. Devido a isso também, muitas vezes esses animais acabam sendo mantidos em gaiolas pequenas, ou tendo as asas aparadas para permanecerem dentro das casas, essa situação se agrava ainda mais quando consideramos o fato de que os papagaios, como a grande maioria das aves do grupo dos psitacídeos, são extremamente sociais e carecem da companhia de outros indivíduos da mesma espécie.
Macaco-prego-do-peito-amarelo
Dentre todas as espécies de macaco-prego, essa espécie é a mais ameaçada no nosso país. Esse animal vive no bioma de Mata Atlântica, podendo ser encontrado em algumas regiões florestais do Rio de Janeiro e em outros estados do sudeste. Seus saltos podem chegar a 3 metros de distância e possuem a incrível capacidade de utilizar ferramentas para abrir frutos e suas sementes durante a alimentação.
Infelizmente é um animal utilizado em muitos locais como animal doméstico, sendo comum encontrar essa espécie em mercados ilegais no Brasil. Além disso, a utilização desses primatas como pet, é muito difundida através das redes sociais, fortalecendo a ideia de que esses animais podem viver em casas e com hábitos humanizados, desrespeitando seu comportamento natural.
Borboleta-olho-de-coruja
Comumente encontrada em regiões de Mata Atlântica, a borboleta-olho-de-coruja (Caligo beltrao) é uma das maiores espécies de borboletas, podendo medir até 18 cm de comprimento quando adulta e cerca de 12 cm quando lagarta. Por sua grandiosa beleza, é um dos animais mais traficados no Brasil.
O nome popular teve origem pela parte interna das asas com manchas arredondadas que se assemelham com os olhos de uma coruja. No início do dia, permanecem em repouso para não perder calor, devido à baixa temperatura. Porém, ficam expostas e vulneráveis à predação por aves e lagartos. Assim, essa característica ilustre de suas asas trouxe a vantagem de afugentamento de possíveis predadores, uma vez que ao abrir as asas parece ser maior e mais assustadora. O predador também fica confuso com a orientação da borboleta quando parada, mirando para atingi-la nas manchas arredondadas ao confundir com os olhos, consequentemente não prejudicando uma parte vital e possibilitando sua sobrevivência, apesar da asa afetada. O mimetismo também ajuda a afastar vespas que penetram suas asas para depositar ovos, que posteriormente chocam larvas parasitas.
Externamente, as asas têm a coloração azulada intensa, o que a torna ainda mais particular e bela. A espécie neotropical tem hábito crepuscular quando adulta e diurno na fase larval. Os ovos são normalmente depositados em bananeiras (Musaceae), onde as larvas se alimentam das folhas e frutas caídas e se desenvolvem até a metamorfose. Na fase adulta, a alimentação consiste de seiva de árvores, fezes de animais e néctar de flores. Há um leve dimorfismo sexual, sendo os machos um pouco menores e mais coloridos. A expectativa de vida dessa espécie é de apenas 3 meses, após atingir a fase adulta.
Além do tráfico, as borboletas-olho-de-coruja também sofrem ameaça pela destruição de seu habitat e uso de inseticidas em plantações de bananas.
Iguana-verde
A única espécie de iguana que ocorre naturalmente no Brasil é a iguana-verde (Iguana iguana), encontrada nas regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste. Também é conhecida como sinimbu, tijubú ou camaleão. É uma das espécies mais traficadas com captura ilegal, especialmente para o comércio como animal de estimação.
Essa espécie tropical tem hábito diurno e arborícola, utilizando as grandes garras para escalar e a cauda para manter o equilíbrio. Podem chegar a 1,8 m de comprimento, sendo a cauda cerca de ? do comprimento total corporal, e pesar até cerca de 6 kg na fase adulta. A alimentação é majoritariamente herbívora, podendo consumir até flores e também ovos e pequenos animais.
Apesar do nome popular, as iguanas-verdes podem apresentar uma coloração que varia entre o cinzento, alaranjado e tons de verde vibrante claro ou escuro. Os jovens costumam ser mais intensamente esverdeados. Essa paleta de cores permite a camuflagem desses animais na natureza e auxilia na proteção contra predadores, sendo capazes até de modificar a coloração do corpo para tons mais escuros ou mais claros de acordo com a necessidade de camuflagem ou até mesmo para contribuir na absorção de calor.
Também é possível diferenciar o macho da fêmea, pois há dimorfismo sexual, ou seja, a morfologia é diferente entre eles. O macho comumente é maior, com uma crista dorsal e cefálica desenvolvidas, uma grande escama localizada abaixo dos tímpanos e poros femorais que liberam odores para marcar território e atração de fêmeas no período reprodutivo. Para a cópula, os machos cortejam com movimentos da cabeça e exibem a prega-gular para que a fêmea escolha o indivíduo mais atrativo. O ninho é construído pela fêmea em uma toca para a deposição dos ovos e, após o nascimento dos filhotes, fazem cuidado parental. Como forma de defesa, utilizam principalmente mordidas e a cauda para chicotear a ameaça, além de serem excelentes nadadoras.
Outro problema enfrentado pela espécie é o consumo de sua carne e de seus ovos, especialmente por questões culturais, e remoção do couro. Além disso, também ocorre a introdução da iguana-verde em ambientes onde não é nativa, consequentemente invadindo o espaço de outras espécies e desequilibrando o ecossistema, uma vez que sua reprodução é rápida.
Referências
Aléssio, F. M. (2020). Borboleta-olho-de-coruja. Portal de Zoologia de Pernambuco. Disponível em: <https://www.portal.zoo.bio.br/media809>. Acesso em: 05/10/2024.
Bertuzzo, J. P. (2023). Iguana-verde: conheça a única espécie de iguana que ocorre no Brasil. G1 – Terra da Gente. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2023/10/14/iguana-verde-conheca-a-unica-especie-de-iguana-que-ocorre-no-brasil.ghtml>. Acesso em: 05/10/2024.de Andrade, C. A. F. (2009). Iguana-verde (Iguana iguana). Museu de Zoologia da Universidade Federal de Viçosa. Disponível em: <https://museudezoologia.ufv.br/edicao-06-abril-de-2009/>. Acesso em: 05/10/2024.
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